Muitas crianças sofrem com o problema desde cedo. Regurgitação, choro constante, dificuldade para dormir e mamar são sintomas comuns.
Isabella foi um bebê com muita dificuldade para dormir, tinha choro constante e estava sempre irritada. Michele e a filha sofreram dia e noite durante meses. “Foi muito difícil, porque até identificar o problema as pessoas achavam que eu não sabia cuidar, que era dor de ouvido, que era manha”, relata.
A menina tinha refluxo, mas não apresentava um dos sintomas mais clássicos: a regurgitação, quando o leite volta à boca. A mãe consultou vários médicos, mas eles confundiam com virose, dor de garganta, bronquite. E não era nada disso.
Todo bebê nasce com o sistema digestivo imaturo. Por isso, muitas vezes, é normal o leite voltar. O problema é que algumas crianças, como Isabella, desenvolvem a chamada doença do refluxo e os sintomas vão muito além da regurgitação. Choro e irritabilidade constantes, dificuldade para dormir, mamar e ganhar peso são comuns.
“Elas mamam pouco e por isso as mães ficam trocando as fórmulas, acham que o leite materno não está sustentando. Mas na verdade ela não está conseguindo mamar pela dor. Às vezes o ácido vai até a garganta e desencadeia uma tosse, então as crianças vivem tratando alergia ou a gente acha que é uma virose, uma gripe. Elas podem até desenvolver pneumonia por aspiração desse conteúdo ácido pro pulmão ou ter crises de bronquite”, explica a gastropediatra Rose Marcelino.
Se o bebê for prematuro o problema costuma ser ainda maior. Mas com o tempo a criança vai crescendo e os sintomas vão diminuindo. Até lá os pais precisam tomar alguns cuidados.
O segundo filho de Michele também desenvolveu a doença do refluxo. Mas aí ela já sabia o que fazer. Para amenizar o sofrimento do bebê é fundamental cuidar da postura. Após a mamada a criança deve ser mantida de pé, no colo, de 20 a 30 minutos. Isso ajuda no esvaziamento do estômago e vai diminuir os episódios de refluxo da criança.
Em alguns casos é preciso usar remédio indicado pelo médico. Outra dica é manter a cabeceira da cama inclinada mais ou menos 15 centímetros. “Isso não é usar um travesseiro, porque ele ergue só a cabeça do bebê. A inclinação é muito importante porque diminui o risco do bebê ter uma apneia, de aspirar esse conteúdo refluído e ter uma pneumonia ou até uma fatalidade, que seria um caso de óbito”, afirma a gastropediatra.
Esses cuidados devem ser mantidos pelo menos até um ano. Nesta fase o refluxo desaparece espontaneamente na grande maioria dos bebês. Apenas 5% das crianças com mais de dois anos continuam com a doença do refluxo. Na adolescência vão sentir dor de estômago, azia... e só melhoram lá pelos 20 anos de idade.
A minoria, 1% ou 2% das pessoas que desenvolveram a doença na infância, vai sofrer com o problema na vida adulta. Isabella tem hoje nove anos e está curada. Ela foi melhorando aos poucos e com três anos já não tinha mais nenhum sintoma. “Posso comer qualquer coisa, quando era pequena não podia comer nem um chocolate, mas hoje a minha vida é normal”, conta a menina.
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2011/07/aprenda-identificar-e-tratar-o-refluxo.html
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